Administrar Medicamentos às Crianças
A administração de medicamentos às crianças é um procedimento extremamente frequente, principalmente, nos primeiros anos de vida.
A prescrição de remédios, particularmente para crianças, é um acto de grande responsabilidade, devendo ser realizada apenas por médicos, pois implica conhecimento das indicações e contra-indicações para o uso de cada substância.
Quem deve administrar os medicamentos à criança?
Os riscos de erros na administração de remédios, aumentam com o número de pessoas envolvidas no processo.
Desta forma, sempre que possível, os próprios pais devem assumir este importante papel.
Antes de transferir a responsabilidade deste procedimento para outros cuidadores como escolas, avós, entre outros, cabe aos pais treinarem estas pessoas, assegurando-se uma correcta técnica.
O que fazer para evitar erros no tratamento?
As falhas de tratamento podem ser evitadas com alguns cuidados bem simples: Erro no medicamento: separar dos demais os medicamentos que serão administrados, mantendo-os nas caixas originais e sempre conferindo os nomes. Erro na dose: deixar por escrito a dose a ser administrada, para ser conferida antes do procedimento. Erro no horário: reforçar a necessidade de seguir o horário prescrito rigorosamente, inclusive durante a noite. Erro na conservação: orientar protecção da luz solar e do calor, mantendo em refrigeração, quando necessário.
Erro na administração: analisar se a pessoa que ficará responsável pelo procedimento terá sucesso, pois algumas crianças podem resistir antes de aceitar o tratamento. Erro na via de administração: não esquecer de confirmar o local onde o medicamento deverá ser usado (nariz, boca, ouvido), preferencialmente demonstrando a forma certa de usar.
Em caso de dúvidas, nunca administrar a medicação. Ligar para o médico para os necessários esclarecimentos. Caso um erro ocorra, ele deve ser admitido imediatamente, pois pode ser necessário realizar algumas intervenções para neutralizar ou minimizar seus efeitos.
Qual a importância do horário na administração das medicações?
Para que o melhor resultado terapêutico seja atingido, as dosagens do medicamento deverão ser administradas em intervalos rigorosamente de acordo com a prescrição médica.
Factores inerentes ao próprio medicamento determinam o melhor intervalo para a sua administração, de modo que uma concentração sanguínea adequada seja mantida, garantindo o sucesso do tratamento.
Intervalos menores que os recomendados podem potencializar efeitos adversos, assim como os intervalos maiores podem responder pelo insucesso na resolução da doença.
Como saber se uma criança é alérgica a uma medicação?
A reação alérgica é uma resposta imprevisível que pode ocorrer após a administração de um medicamento. A resposta alérgica poderá ser desencadeada pelo fármaco principal, seus conservantes, corantes ou outros agentes químicos usados na sua preparação
Não há como saber antecipadamente se o paciente será ou não alérgico à medicação. Alergia em familiares não é indicativo que vá se repetir em seus descendentes.
As reacções mais leves podem ser tratadas em casa, mas o médico deve ser contactado para orientar as necessárias providencias quanto ao tratamento da alergia e da doença para a qual o tratamento foi prescrito.
Existem várias formas de tomar medicamentos:
Comprimidos
Supositórios
Comprimidos sublinguais
Via transdérmica
Inaladores e sprays nasais
Colírios
Intravenosa (IV)
Intratecal
Intramuscular (IM)
Subcutânea (SC)
Comprimidos
A maioria dos medicamentos está disponível sob a forma de comprimidos. Esta é muitas vezes a maneira mais fácil de administrar um medicamento. Esta formulação resulta bem para medicamentos acídicos (uma vez que o estômago é acídico), ou medicamentos lipossolúveis (que são absorvidos rapidamente pelas células).
Medicamentos de origem proteica, como a insulina ou os interferões beta, são destruídos no estômago da mesma forma que são destruídas as proteínas da comida, significando isto que a administração oral não é eficaz.
Supositórios
Cada medicamento é desenhado para uma doença específica e para uma via de administração específica.
Os supositórios, podem ser desagradáveis mas são úteis sempre que se deseja um efeito local - por outras palavras, sempre que se pretende que o medicamento seja utilizado para tratar alguma alteração a nível do recto.
Os supositórios também são úteis quando uma pessoa se sente nauseada ou com vómitos, ou não pode tomar medicamentos pela boca.
Comprimidos sublinguais
Os medicamentos administrados por baixo da língua (i.e. sublinguais) são úteis quando é necessária ao mesmo tempo uma resposta rápida e uma auto-administração.
O medicamento entra rapidamente na circulação sanguínea através das células delicadas que delineiam a boca, evitando portanto o efeito de primeira-passagem dos comprimidos que são engolidos.
Um exemplo é a nitroglicerina, que é administrada por via sublingual para a angina e peito.
Via Transdérmica
A medicação administrada por via transdérmica entra no organismo através da pele. Pode ser administrada sob a forma de cremes ou pomadas ou como sistemas terapêuticos transdérmicos. Os cremes são muito utilizados quando se pretende um efeito local a nível da pele (ex. picada de um insecto ou alergia cutânea).
Os sistemas terapêuticos transdérmicos contêm um reservatório do medicamento, que é libertado lentamente durante um certo período de tempo. O medicamento passa através da pele e para a corrente sanguínea de forma a ser transportado através do corpo até ao órgão/tecido alvo.
Inaladores e Sprays nasais
A via inalatória é utilizada para anestésicos voláteis e gasosos, e medicamentos que afectam os pulmões (ex. para a asma).
Os medicamentos inalados passam rapidamente para a corrente sanguínea, evitando o efeito de primeira-passagem.
Os pulmões contêm uma vasta rede de pequenos sacos de ar (alvéolos) que proporcionam uma grande área superficial através da qual os medicamentos podem passar do ar inalado para a corrente sanguínea.
Para além dos descongestionantes nasais, os sprays nasais são utilizados por vezes para medicamentos de origem proteica mas muito pequenos (chamados péptidos) para evitar a necessidade de injecções frequentes.
Como exemplos temos a hormona anti-diurética (HAD - para promover a retenção de água). Possivelmente conhece a HAD pelo nome de desmopressina, que pode ajudar a prevenir a micção durante a noite.
Os anti-histamínicos são por vezes administrados sob a forma de sprays nasais para tratar as constipações, uma vez que o medicamento pode ser entregue directamente à fonte da congestão.
Colírios
Os colírios são quase exclusivamente utilizados para levar um medicamento directamente ao olho (ex. para tratar o glaucoma ou uma infecção nos olhos).
No entanto, para serem eficazes, os medicamentos nos colírios têm de ser lipossolúveis.
Ocorre também alguma absorção para a corrente sanguínea.
Injectáveis: intravenosa (IV)
A administração intravenosa consiste em injectar um líquido que contém o medicamento directamente nas veias.
É a forma mais rápida e mais directa de administrar um medicamento, e evita o efeito de primeira-passagem.
O medicamento vai assim primeiro ao coração e depois para a circulação geral. Alguns medicamentos são administrados de uma só vez; outros são administrados durante um certo período de tempo (uma perfusão). Possivelmente já fez injecções intravenosas de esteróides tais como a metilprednisolona (corticóide).
Injectáveis: intratecal
A administração intratecal consiste em injectar a preparação medicamentosa no canal raquideano.
O emprego desta via deve-se à difícil passagem dos medicamentos do sangue para o tecido nervoso especialmente para a região do encéfalo.
Injectáveis: intramuscular (IM)
Alguns medicamentos são injectados directamente na massa muscular.
Uma vez que o músculo apresenta uma elevada irrigação sanguínea, proporciona uma via mais rápida para o resto do organismo do que a administração oral.
Massajar o músculo após a injecção pode aumentar ainda mais a irrigação sanguínea e consequentemente a distribuição para o resto do corpo.
As injecções IM podem ser bastante dolorosas ou desconfortáveis porque penetram profundamente nas camadas musculares, que são bastante inervadas por fibras sensitivas.
Por outro lado, a injecção IM está associada a um maior risco de lesão em nervos e vasos sanguíneos se um vaso sanguíneo for perfurado durante uma injecção (hematoma).
Os medicamentos administrados por via IM não precisam de ser administrados tão frequentemente como as injecções IV ou subcutâneas, mas devem ser administradas por um profissional de saúde ou sob a sua supervisão, uma vez que é necessário evitar que estas injecções atinjam o osso ou os nervos.
Injectáveis: subcutânea (SC)
As injecções subcutâneas permitem que o medicamento seja administrado no tecido sub-cutâneo que fica por baixo da pele.
Não são muito dolorosas porque existem poucos vasos sanguíneos e nervos nesta área.
O medicamento é geralmente absorvido de maneira mais lenta (e portanto a um ritmo constante) do que se administrado por via intramuscular. Existe um limite para a quantidade de medicamento que pode ser administrado por via SC (não é possível efectuá-lo para volumes grandes). Massajar o músculo após a injecção ajuda a absorção, tal como com as injecções IM. É importante alternar (rodar) os locais de injecção, para evitar as reacções no local da injecção.
Apesar de ser necessária uma formação inicial por um profissional de saúde, as pessoas que necessitam de se injectar por via subcutânea podem aprender a executar as injecções a si próprias, permitindo a independência e flexibilidade.
Existem muitas pessoas a auto-administrarem medicamentos por via subcutânea.
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