quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Relações de Amizade na Adolescência

“Companheiros, podemos ter muitos. Amigos, há poucos. Escolhem-se.”


Muitas pessoas consideram a amizade um dos dons mais preciosos que podemos ter na vida. A amizade é uma forma de amar as outras pessoas, podendo trazer-nos muitas alegrias ao longo da vida. É também uma relação que exige muita atenção, generosidade e carinho.

Durante a adolescência, as amizades ganham um novo sentido.

Antes da adolescência, as amizades restringem-se habitualmente ao campo de actividades. Neste sentido, A Sandra, de 7 anos, descreve a sua melhor amiga Lina como sendo “a menina com quem eu gosto de brincar com as bonecas”. Porém, aos 13 anos, a melhor amiga da Sandra é: “alguém que me compreende. Nós pensámos de forma semelhante numa variedade de assuntos, como os rapazes, os morangos com açúcar e coisas do género”.

Na adolescência, os jovens encaram os amigos como pessoas que compartilham pensamentos, gostos e sentimentos em comum. O comportamento dos amigos entre si, nesta fase, é nitidamente diferente das atitudes que tomam perante aqueles que não são seus amigos. Os adolescentes são mais propensos a compartilhar os seus segredos com os amigos, do que com aqueles que não são seus amigos. Tem tendência a ser mais empáticos para com os primeiros. No reverso da medalha, acreditam que os amigos são menos competitivos e que se comportam de uma forma mais idêntica em relação a eles do que os outros adolescentes.


Existem grandes diferenças entre os dois sexos, na maneira como a amizade é encarada. No caso das raparigas, confidenciam-se umas com as outras, dormem juntas, aconselham-se mutuamente, apoiam-se em tempos difíceis, formam barreiras contra as dificuldades.
Os rapazes, mesmo durante os anos adolescentes, continuam a centrar-se mais em actividades comuns do que em compromissos interpessoais, embora também se apoiem mutuamente e criem grandes laços uns com os outros.


As raparigas parecem limitar mais do que os rapazes o tamanho do grupo, no entanto, são mais propensas a incluir novos amigos no seu círculo de amizades. Já nos rapazes, os amigos tendem a conhecer-se há mais tempo.

Tanto nos rapazes como nas raparigas, quando se goza de uma tal amizade, dão-se momentos de verdadeira partilha e alegria. Tem-se a impressão que todas as pessoas nos apreciam igualmente e que este sentimento irá durar para sempre. Mas nem sempre é assim. Por vezes, podem dar-se abalos dolorosos.
Quando se sofre uma desilusão, os adolescentes tendem a dramatizar. Nesta fase, é algo normal. Os pais podem ajudá-los de forma simples e eficaz: relativizando a situação. Ou seja: explicar-lhes que a vida é cruel, mas o ciclo da vida não pára. Todos nós, sejamos adolescentes ou não, nos encontramos, consoante os momentos, numa boa ou numa má situação.


É possível que se venha a cometer um dia, mesmo que sem querer, o erro que se jurou nunca cometer. Hoje desiludiu-se. Da próxima, pode ser ele ou ela a desiludir alguém.

Existem mais alguns factos curiosos sobre as relações de amizade na adolescência. No interior da escola, os grupos de amigos tendem a ser constituídos por um grupo grande de adolescentes do mesmo sexo; fora da escola, os grupos de amigos costumam ser mais pequenos e incluem rapazes e raparigas. As amizades na adolescência tendem a ser formadas entre pessoas do mesmo meio socioeconómico e da mesma raça. Num estudo feito ao longo dos últimos 20 anos, chegou-se à conclusão que apesar das escolas secundárias estarem altamente heterogéneas (com grande mistura racial), os adolescentes tendem a escolher para amigos pessoas da sua própria raça, embora aja, cada vez mais e ainda bem, uma mistura salutar de pessoas de todas as raças e de todos os escalões sociais que convivem pelos mesmos gostos.

O acto de compartilhar é a base para a interdependência emocional que os adolescentes habitualmente esperam dos amigos. Por outras palavras, a personalidade dos amigos e as formas pelas quais respondem uns aos outros tornam-se nos temas centrais da amizade. Para os adolescentes, a intimidade faz parte daquilo que consideram amizade.


“Podemos dizer aos amigos aquilo que sentimos e conseguimos ser nós próprios quando estamos com eles”, segundo as palavras de um adolescente.

A intimidade constitui tanto uma fonte como um dos objectivos da formação da identidade na adolescência. Em certo sentido, todos as pessoas desenvolvem-se psicologicamente, compartilhando pensamentos e sentimentos com as pessoas com quem têm algo em comum. Esse desenvolvimento ajuda imenso nas posteriores relações de partilha ao longo da vida.

No estudo anteriormente referido, descobriu-se que as amizades das raparigas apresentavam de modo consistente um maior conhecimento e sensibilidade mútuos, maior entrega e partilha mas também uma maior aceitação e exigência de parte a parte, do que as amizades dos rapazes.

O estudo mostrou também que a intimidade com os amigos do sexo oposto é algo que surge relativamente tarde, para a maioria dos adolescentes. Apenas alunos do 9º e do 11º ano referiram ter uma grande intimidade com os amigos do sexo oposto. De referir ainda que as raparigas classificaram as suas amizades com os rapazes mais íntimas do que estes consideravam ter com elas.


Comparando as amizades que se tem na infância com as da adolescência, aquelas que são estabelecidas na adolescência têm probabilidades de levar os jovens a envolverem-se em experiências interpessoais, que podem ser intensas e gratificantes. Os amigos na adolescência pressupõem de ambas as partes uma grande lealdade, fidelidade e respeito pela confiança mútua. No reverso da medalha, sentem-se muitas vezes extremamente vulneráveis quando são traídos.

 A traição, na amizade, dói muito, e fica-se com a impressão que nunca se vai recuperar. A traição pode consistir num abandono, mas também em mentiras e/ou segredos divulgados. O que custa é o facto da outra pessoa não se ter mostrado à altura da confiança depositada nela. Por vezes as pessoas tendem a exigir demais do que os outros lhes podem dar, em particular nos momentos difíceis. Quando os amigos não conseguem corresponder, as pessoas sentem-se desiludidas, tristes e por vezes traídas.


O segredo é relativizar. São coisas que acontecem. Na amizade, assim como no amor, o ideal é perdoar, desde que tal não implique uma auto negação e que assim se reequilibre a relação. Por vezes tal não é possível. Nessas alturas, o melhor é dar um tempo. Tal como nos namoros, por vezes só quando estamos afastados da pessoa X ou da pessoa Y, nos apercebemos do seu valor.


A amizade é uma forma de amor. Funciona como todas as outras relações: o que importa é aprender a aceitar as outras pessoas como elas são, com as suas virtudes e os seus defeitos. Não devemos pedir mais que aquilo que nos possam dar.


Só assim podemos tirar o maior proveito da amizade!


Modulo Relacionamento empatico e afectivo
Grupo 4 - Emilia, Lina, Sandra, Helena, Joao, Andreia

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